Humanos com superaudição de morcegos

12/08/2007

Uma dupla de pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, achou uma maneira de equipar deficientes visuais com uma versão da capacidade de transformar ecos em "imagens", típica de várias espécies de morcego. Os animais conseguem voar com precisão usando os ecos do ambiente como forma de saber onde estão determinados objetos, mecanismo que também poderia ajudar humanos que não enxergam.

O problema tecnológico central, afirma a revista "New Scientist", é como produzir uma versão dessa capacidade que funcione para humanos. O sistema dos morcegos é conhecido como ecolocalização: o animal emite uma sucessão rápida de estalos em ultra-som (freqüências muito altas, que o ouvido humano não é capaz de captar). O som dos estalos "bate" nos objetos, é refletido na forma de eco e captado pelo morcego. O atraso com que o eco chega, bem como outras características do som rebatido, ajuda o mamífero voador a saber o que está ao seu redor.

Alguém poderia tentar repetir a proeza dos morcegos usando freqüências sonoras que as pessoas conseguem ouvir. Mas o problema é que o ultra-som em si é importante: as ondas ultra-sônicas se "espalham" menos entre os objetos do que as audíveis, o que ajuda na precisão do sistema ecolocalizador. Além disso, os ecos ultrassônicos voltam numa velocidade rápida demais para que as pessoas consigam entender seu significado.

Por isso, a dupla de Leeds, formada por Dean Waters e Husam Abulula, estão usando o ultra-som no interior de um mundo virtual. Funciona assim: primeiro, o ambiente onde a pessoa vai caminhar é mapeado em três dimensões e colocado num computador. O deficiente visual também usa um sensor, que mapeia seus movimentos no espaço real e o "traduz" para o espaço visual.

É como se a pessoa tivesse um alter ego, ou avatar, que caminha no espaço visual. Esse avatar emite freqüências ultra-sônicas -- também virtuais -- que são transformadas em som audível. Conforme a pessoa caminha e se aproxima de um objeto, a freqüência de cliques que ela ouve muda, indicando a presença de um obstáculo. Testes feitos numa mesquita de Leeds, onde voluntários tinham de localizar uma mariposa virtual, indicam que o sistema funciona bem.

G1

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