Espécie de corvo-marinho torna-se praga

06/08/2007

A migração de centenas de corvos-marinhos-de-faces-brancas para a ria Formosa, todos os finais de Verão, pode transformar-se numa ameaça aos peixes selvagens e de cultivo no Algarve e é vista por alguns pescadores como uma "praga", consideram os pescadores da ria Formosa. "Há muita passarada a comer as enguias, vêm em bandos enormes e onde poisam sente-se logo a falta de peixe", contou, à Lusa, Francisco Gaspar, pescador da Ilha da Culatra, na ria Formosa.

Proveniente da Europa Central em ciclos migratórios, a espécie concentra-se em pequena quantidade ao longo de todo o litoral, mas com grande incidência em zonas de estuário, como do Tejo, Sado e da ria Formosa.

Sílvia Padinha, da Associação de Moradores da Culatra, diz que os corvos-marinhos "existem em excesso" e que há um desequilíbrio na protecção das espécies, em detrimento de outras que escasseiam. "O Parque Natural da Ria Formosa protege em excesso o corvo-marinho e não defende a enguia, que está a diminuir", mas o parque, em vez de só "se preocupar em preservar a fauna e flora", devia também "proteger as actividades da ria e a produção do sal".

Menos radical, o pescador Ramiro José que diz que o maior problema para os peixes da ria Formosa é a poluição. Mas, diz, um mês por ano, os pescadores da ria Formosa têm um feroz concorrente directo no corvo-marinho, que, "no futuro poderá ser uma praga".

Ouvido pela Lusa, o biólogo António Teixeira, confirma "A espécie tem aumentado, porque existem mais condições de protecção nos locais de nidificação, que permitem que as colónias se desenvolvam com mais tranquilidade do que no passado".

Por outro lado, não é tão perseguida e também há maior facilidade de alimentação, com os tanques de cultivo de peixe. Os corvos-marinhos "são vorazes, comem muito e vão buscar a comida onde a conseguem encontrar com mais facilidade", como as pisciculturas, e podem causar prejuízos a nível económico e na qualidade do meio aquático, porque são muitos animais juntos no mesmo espaço, avisa.

Para lutar contra a invasão periódica destas aves, que chegam a atingir um metro de altura e que precisam de comer vários quilos de peixe por dia, António Teixeira sugere a redução da sua população a nível europeu e a defesa dos locais onde causam prejuízos, com espantamento, assustando os pássaros com explosões e vigias, redes e cabos.

JN

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