Chip a caminho para prever ataques epilépticos

08/08/2007

Prever os sinais que antecedem um ataque de epilepsia é a questão fundamental para todos os que investigam esta doença, por forma a melhorar a vida dos pacientes. O objectivo é óbvio permitir-lhes maior estabilidade e segurança.

Hoje, vários grupos de investigação em todo o Mundo tentam encontrar esta resposta, referiu ao JN o neurologista Francisco Sales, investigador nos Hospitais da Universidade de Coimbra, adiantando que Portugal integra um consórcio europeu exclusivamente dedicado a esta enfermidade.

Sem querer avançar quem são os países que integram esse grupo, uma vez que apenas foi ultrapassada a fase de avaliação, Francisco Sales disse que estão já garantidos "2,8 milhões de euros, só para a investigação".

O objectivo do estudo "é criar um algoritmo para prever as crises de epilepsia, e só depois encontrar um instrumento capaz de descodificar esses sinais antecedentes - que pode ser um chip ou um pacemaker -, e que interrompa a crise", explicou ao JN.

Entretanto, nos EUA, um grupo de investigadores da Universidade da Florida anunciou que está a desenvolver um chip que, uma vez implantado no cérebro, poderá interpretar os sinais e estimular os neurónios para que estes reajam correctamente, permitindo assim prevenir os ataques epilépticos. O chip permitiria ainda a uma pessoa que tenha perdido um membro poder controlar a prótese com os seus próprios pensamentos (ver caixa).

Francisco Sales diz que se trata apenas de uma linha de investigação, entre outras que têm vindo a ser seguidas, sublinhando, porém, que "a questão do protótipo, ou o instrumento para fazer a leitura, não é o problema fundamental". Primeiro, sublinha, "é necessário criar o algoritmo".

O neurologista adianta que "outras equipas já têm avançado com outros projectos capazes de prever as crises". Mas anota algum pessimismo, derivado dos muitos falsos positivos detectados. Isto é, os sinais dados por esses projectos são mais frequentes do que aqueles que na realidade acontecem, o que mostra que podem não ser seguros. A fiabilidade de um equipamento destes, assim sendo, resultará de apenas dar um alerta quando realmente ocorre uma crise, "e não ao pequeno sinal", daí a importância de se criar todas as etapas (sinais) que façam chegar à resolução do problema.

"Já existem alguns programas capazes de detectar com antecedência os sinais no cérebro indicativos de um ataque de epilepsia, mas ainda não têm a eficácia necessária", disse o especialista. Adiantou ainda que várias investigações apontam para a utilização de um instrumento, que poderia ser um chip interno, ou mesmo externo.

Sem desvalorizar o trabalho realizado pela equipa do Colégio de Medicina e Engenharia da Universidade da Florida, Francisco Sales afirmou "que a grande esperança para os doentes de epilepsia é mesmo a utilização de um qualquer instrumento capaz de prever as crises". Isto porque "a imprevisibilidade dos ataques cria uma angústia e insegurança enormes nos doentes, afectando as suas vidas pessoais e profissionais".

De referir que qualquer pessoa pode sofrer um ataque epiléptico, devido, por exemplo, a choque eléctrico, deficiência em oxigénio, traumatismo craniano, baixa do açúcar no sangue, privação de álcool ou abuso da cocaína. Mas uma crise isolada não significa epilepsia.

A doença só é diagnosticada quando as crises têm tendência a repetir-se, espontaneamente, ao longo do tempo. Calcula-se que, em Portugal, em cada mil pessoas, quatro a sete sofram de epilepsia, doença que afecta milhões em todo o Mundo. A doença pode começar em qualquer idade, mas é mais comum até aos 25 e depois dos 65 anos.

JN

2 comentários:

Anônimo disse...

com tudo isso q foi mencionado sobre o chip voce acharia melhor uma pessoa epiletica continuar tomando remédio controlado ou tentar usar o chip que tanto ja se vem falando , no caso ARRISCAR ?

Anônimo disse...

com tudo isso q foi mencionado sobre o chip voce acharia melhor uma pessoa epiletica continuar tomando remédio controlado ou tentar usar o chip que tanto ja se vem falando , no caso ARRISCAR ?