ONU: alterações climáticas já estão a confundir aves migradoras e baleias

25/07/2007

Aves, baleias e outras espécies migradoras já estão a sofrer com o sobre-aquecimento do planeta, que os coloca no sítio errado, na altura errada, alertou hoje a ONU nas negociações em Bona, Alemanha, sobre um sucessor do Protocolo de Quioto.
Um clima mais quente desregula os relógios biológicos das espécies migradoras como os morcegos, golfinhos, antílopes e tartarugas, disse o marroquino Lahcen el Kabiri, responsável pela Convenção da ONU sobre Espécies Migradoras, com sede em Bona.

"Elas são os sinais de alarme mais visíveis, indicadores que assinalam as alterações dramáticas nos nossos ecossistemas, causadas, em parte, pelas mudanças do clima", disse aos delegados na abertura do encontro em Bona, que decorre até dia 18.

As alterações do clima torna estas espécies mais vulneráveis a ondas de calor, secas ou vagas de frio. Por exemplo, os grous (Grus grus) começam a passar o Inverno na Alemanha em vez de voar para Espanha ou Portugal. “Um Inverno mais rigoroso pode dizimar a população”, lembrou Lahcen el Kabiri.

As espécies migradoras são especialmente vulneráveis porque precisam de diferentes locais para se reproduzir e passar o Inverno, bem como sítios onde possam descansar ao longo da viagem. Alterações a qualquer um destes habitats pode colocá-las em risco.

O sobre-aquecimento global é mais uma pressão sobre estas espécies, além da poluição, sobre-exploração, destruição de habitats ou invasão de exóticas.

"As alterações climáticas afectam todas as espécies migradoras", declarou El Kabiri.

Por vezes, as baleias estão nos sítios errados para se alimentarem de peixe e de plâncton. No Árctico, as florestas poderão ganhar terreno sobre a tundra, complicando a vida a muitas aves que nidificam nesses ecossistemas.

Um tempo mais quente pode trazer os predadores mais para Norte. O aumento do nível do mar pode inundar habitats cruciais para muitas aves.

El Kabiri considera que os Governos devem cooperar mais para criar e proteger corredores de migração internacionais.

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