Nova terapia poderá evitar cegueira devido problema genético

07/07/2007

Uma nova terapia genética, cujos primeiros ensaios clínicos em humanos aconteceram em Fevereiro em Inglaterra ao abrigo do projecto europeu Evi-genoret, poderá prevenir em crianças e jovens a cegueira provocada por mutações no gene RPE65.
Durante um encontro promovido pela Comissão Europeia, em Paris, para divulgar os principais resultados na área da investigação de deficiências visuais e auditivas, o professor Robin Ali do Instituto de Ofratlmologia de Londres explicou que a experiência pioneira consiste na injecção do gene nos pacientes que não o têm.

Os doentes que sofrem desta alteração genética, de transmissão hereditária recessiva (os pais transmitem o defeito, mas não estão doentes), têm apenas visão central, e não a periférica e a nocturna. A falta de intervenção clínica nestes casos levará à cegueira depois dos 20 anos.

Os resultados dos primeiros dois ensaios clínicos deverão ser divulgados publicamente dentro de 12 a 18 meses, mas o especialista em genética informou que até ao momento não se registaram quaisquer efeitos secundários.

A intervenção experimental aconteceu após 13 anos de investigação, mas Ali estimou à agência Lusa que os futuros avanços deverão acontecer cada vez mais rapidamente, uma vez que as bases estão construídas.

Dentro de cinco anos, o professor acredita que a tecnologia genética será um tratamento terapêutico efectivo e rotineiro que se estenderá às doenças mais comuns provocadas, por exemplo, pela idade ou diabetes.

A cegueira provocada por problemas no gene RPE65 afecta uma pessoa em cada 100 mil.

O trabalho desenvolvido por Robin Ali insere-se no projecto Evi-genoret, que integra equipas de 12 países, entre os quais Portugal, através da Associação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem.

Os principais objectivos do programa, que envolve um investimento de 13,6 milhões de euros (dos quais 10 são suportados pela Comissão Europeia) por quatro anos, são uniformizar e analisar informações desenvolvidas por 25 parceiros académicos e industriais.

Validar essa informação, criando modelos, e desenvolver novas terapias biológicas e genéticas são outras das metas do projecto.

A nível global, estima-se que 50 milhões de pessoas sejam cegas e que nos próximos 20 anos esse valor chegue aos 75 milhões.

Na Europa, 15,5 milhões de indivíduos são deficientes visuais e 2,7 milhões são completamente cegos. O custo financeiro destes problemas está estimado em 100 mil milhões de euros por ano.

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